Bienal do Livro Rio 2025
A primeira Bienal nunca se esquece. Sim, essa foi minha primeira Bienal do Livro, apesar de ser aficcionado pelo objeto livro e estar atuando em feiras de arte impressa nos últimos 10 anos nunca havia ido como transeunte e muito menos como staff.
A convite da editora Mórula trabalhei no stand COMPILADAS como livreiro apresentando o catálogo das editoras presente, foi uma experiencia única de atendimento ao público, tive a oportunidade de conversar com muita gente legal, pessoas de diferentes áreas mais todos apaixonados pelo livro e suas histórias.
Trabalhei 5 dos 10 dias de Bienal do Livro e sair de lá com uma série de reflexões, algumas são bem óbvias e outras vão me acompanhar por um tempo.
Neste ano, todos ficaram assustados com as pesquisas que apontavam que o brasileiro ler quando vez menos, mas também em 2025, a Bienal do Livro tem sua maior edição da história com cerca de 740 mil visitantes e quase 7 milhões de livros vendidos. O evento é maior a cada ano e eu me pergunto quem é publico da Bienal? Quem consegue chegar no Riocentro para comprar seus livrinhos? Qual é o tipo de livro que pode se encontrar ali? Qual tipo de informação faz diferença na hora de comprar um livro? Vale a pena investir em livros e no tempo de leitura? Como ler mais livros na era do conteúdo digital?
O livro é o meu suporte para tudo na vida, e na Bienal, é possível ver na prática que existe livro para tudo e todos, diferente da biblioteca onde os livros estão organizados para consulta, lá tudo estar exposto para venda, é sobre difusão do conhecimento, mas também é sobre varejo. Os livros atendem as necessidades dos seus leitores, são sintomas e soluções, muitas vezes ilusão. E o livro é um produto que se multiplica…vira massa, volume, ocupa pouco ou muito lugar no espaço, movimenta montanhas de dinheiro.
Toda essa bibliodiversidade faz do livro um ativo econômico, representa nossos hábitos e acessos, nossa noção de cultura e transferencia de conhecimento. Uma parcela importante das nossas vidas é mediada por livros, seja na escola, trabalho, universidade, religião ou lazer, existe uma vida social entorno do livro e os hábitos de leitura. É algo tão íntimo e individual mas também reflete uma antiga dualidade entre publico e privado. É possível o Estado influenciar no hábito de leitura de uma população? Como avaliar políticas públicas dedicadas ao livro?
Há toda uma economia do livro, da zine mangueada na frente no ccbb, do romance que queima na cabeça, do livro de artista, da auto publicação ou da história em quadrinhos a partir de financiamento coletivo, do livro devocional que renova a fé diária. Todo leitor tem seu livro, e todo livro tem seu leitor, assim, a Bienal dever ser um espaço para todos.
O querido Ziraldo afirmava que ler é melhor que estudar e muito gente não entendia, eu vou tentar explicar para você, e já peço desculpa estou sendo redundante. Com essa frase Ziraldo, um dos nossos maiores embaixadores da leitura, atentava para a existência de pelos menos três tipos de leitura:
Sim, há aquela leitura para estudar, as leituras instrucionais de cada disciplina ao longo da vida escolar, mas existe também a leitura para consulta, que é pontual e exigem uso de palavras chave para facilitar o acesso à informação seja online ou em biblioteca. E por último há aquele tipo de leitura para saborear, para puro prazer e deleite do leitor, essa é a leitura que alimenta nossa alma de memórias.
As leituras marcam eras, momentos da nossa jornada, Ziraldo marcou minha adolescência de desenhista. O meu primeiro emprego de carteira assinada foi como vendedor de roupa na Sandpiper em Búzios, e o último emprego de carteira assinada já como designer em 2020 foi um marco, pois pedi demissão para me dedicar integralmente como um profissional do livro. Essa como toda tomada de decisão trouxe consequências, lá fui eu estudar, trabalhar e buscar meu lugar ao sol.
Esses 5 dos 10 dias de trabalho na Bienal serviram para renovar meus votos pessoais de dedicar minha vida aos livros. Seja como Autor, Vendedor, Editor, Designer, Gerente, Professor, Produtor Editorial, Tradutor, Distribuidor, Executivo, Estoquista, Bibliotecário, Vajerista, Ilustrador, Livreiro, independente da posição estarei devotado aos livros.
Continue acompanhando essa história.
Rodrigo Rosm, 24 de junho de 2025.